plural

PLURAL: os textos de Valdo Barcelos e Rony Cavalli

Enfermeiras, essas mulheres!
Valdo Barcelos
Professor e escritor-UFSM

"Estamos nos encaminhando para completar dois anos da pandemia da Covid-19 no Brasil e algumas conclusões começam a ser tiradas em função do grande número de pesquisas que foram feitas nesse período. Não vou tratar aqui de questões relacionadas diretamente ao tratamento de apoio medicamentoso dos (as) pessoas que adoeceram nem da importância das vacinas. Vacinas essas que alguns negacionistas recalcitrantes ainda insistem em lançar dúvidas sobre a eficiência e eficácia. Não vale a pena dar atenção a essas criaturas das trevas. 

Quero me dirigir especialmente a um grupo de profissionais que, desde o início da pandemia, está diretamente envolvido com o tratamento dos pacientes hospitalizados(as). São as enfermeiras. Sim, sei que, em função da complexidade dessa doença e a forma implacável como ela atinge vários dos nossos sistemas fisiológicos, são necessários uma multiplicidade de profissionais da saúde para o atendimento de cada paciente. A todos (as) essas pessoas, deixo aqui minha reverência e profundo respeito. Mas quero voltar aos profissionais da enfermagem. 

O motivo é o fato de que são elas, as enfermeiras, que mais estão expostas ao contágio pelo vírus causador da Covid-19. E uso, também, a denominação no feminino, em função de que um dos resultados das pesquisas feitas, a que me referi no início, foi de que cerca de 85 % dos profissionais de enfermagem são mulheres. Esse é apenas um dos resultados da pesquisa realizada pela Fiocruz em parceria com a Escola Nacional de Saúde Pública (ENSP), duas instituições reconhecidas pela excelência em pesquisas na área da saúde pública dentro e fora do Brasil.

Os pesquisadores entrevistaram cerca de 25 mil trabalhadores (as) da saúde durante o ano de 2020. As enfermeiras não são heroínas nem supermulheres. Elas são, simplesmente, mulheres. Na maioria, negras ou pardas e oriundas de famílias pobres, elas moram nas periferias, ganham salários precários, não raro são discriminadas nos transportes coletivos - onde ficam, às vezes, mais de duas horas por dia - por serem vistas como potenciais disseminadoras do vírus. 

Em função dos baixos salários, muitas precisam trabalhar em mais de um lugar para complementar a renda. A pesquisa da Fiocruz e da ENSP têm outras informações que deveriam ser mais divulgadas, por exemplo, sobre os demais profissionais de saúde como os técnicos e auxiliares. Talvez, os negacionistas que andam por aí divulgando fake news e o ministro da Saúde, que nada mais é que um estafeta de capitão, aprendessem a respeitar quem está trabalhando sério. Mas acho que é pedir demais para esse tipo de gente.

As pessoas passam, as instituições ficam
Rony Pillar Cavalli
Advogado e professor universitário

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Foi eleito, nesta segunda-feira, 31/01/22, o novo Presidente do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil. O advogado José Alberto Simeotti, do Amazonas, foi eleito com 77 votos favoráveis, dois brancos e um voto nulo para o próximo mandato de três anos à frente da OAB Nacional.

Na verdade, a eleição para a Presidência do Conselho Federal sempre foi um grande acordo na Instituição, acordo este que sacramenta um sistema de rodízio alternativo por regiões do País.

Para as diretorias das subseções e das seções a eleição é direta, porém, o mesmo não ocorre para o Conselho Federal, cuja eleição é indireta, sendo os conselheiros escolhidos e indicados pela Diretoria eleita para a Seccional, embora nas eleições regionais as chapas concorrentes já apontem quem serão seus conselheiros indicados ao Conselho Federal, acaso vencerem as eleições.

Especialmente após o desastre da gestão Felipe Santa Cruz, o qual levou política partidária para dentro da OAB e pautou sua gestão em sua briga pessoal com o Presidente da República, usando a Instituição e seu cargo para este fim, esperamos que o novo Presidente devolva a grandeza à Ordem e paute sua gestão em verdadeiramente representar todos os advogados e os grandes interesses do País.

É necessário que pensemos sim em mudanças do sistema eleitoral da OAB, especialmente para o seu cargo máximo, estendendo maior democracia possível na escolha do Presidente do Conselho Federal, com maior participação direta da advocacia, porém, sou dos que pensa que a votação direta e com voto per capita dos advogados para Presidente do Conselho Federal não seria uma solução justa, visto que em razão da densidade demográfica de advogados em São Paulo, certamente em caso de eleições direta este Estado faria sempre o Presidente.

Embora a imprensa esteja pautando a notícia como tendo sido eleito o "candidato de Felipe Santa Cruz", isto não é verdadeiro, embora Beto Simeotti, como é conhecido, tenha feito parte da gestão que se encerra como Secretário-Geral, a verdade é que dificilmente alguém chega à Presidência sem antes compor uma diretoria, especialmente a federal. A indicação de Simeotti sacramenta o sistema do acordo de rodízio por regiões. Com Cláudio Lamáchia, foi a vez da região Sul, Felipe Santa Cruz fez valer a vez do Sudeste e agora era a vez do Norte.

A esperança dos advogados é que a forma de gestão do Presidente que sai tenha ficado no passado, que o novo Presidente inaugure um novo ciclo na Ordem e se paute com a postura exigida aos grandes líderes.

A Ordem dos Advogados do Brasil é grande demais e Felipe Santa Cruz pequeno demais para ter feito escola. Esperemos que seja devolvido a sua insignificância e sacramentada a máxima de que "as pessoas passam e as instituições ficam".

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